sábado, 25 de outubro de 2008

Gato - Alexandre O'Neill

Que fazes por aqui, ó gato?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pelo, frio no olhar!
De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?



Votem na Chloé

Basta clicar na estrelinha por baixo da foto da Chloé... Neste momento, ela está em segundo lugar, mas se votarem muuuuitas vezes, talvez fique em primeiro e ganhe uma prendinha. Vá lá, é só um clique, ainda por cima a bebé é LINDA! :)

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Mimos do namorado ;)

...Sem contar com as fantásticas massagens relaxantes! ;)
A minha mãe tem razão, estou a ficar mimada e mal habituada!

Well, lucky, lucky me! ;)

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

"Cozinhar não é serviço, meu neto", disse ela. "Cozinhar é um modo de amar os outros." - Mia Couto

Cá está o bolinho de outono (ananás, nozes e canela), acabadinho de sair do forno...
A parte de cima estalou um bocadinho, mas paciência... Espero que esteja bom!
Gosto de cozinhar, mas sou muito javardinha (como se pode constatar!). ;) É açucar e farinha por todo lado...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Requiem (Lacrimosa) - Mozart

...porque Mozart era absolutamente genial!
Sublime!




Já agora, deixo aqui o filme Amadeus de Milos Forman.

Guitarra Portuguesa ...e saudades do avô António

O meu avô António era analfabeto, mas gostava de livros.... Gostava de os abrir e folhear lentamente, de ver as letras, de tocar e cheirar o papel... Enfim, não sabia ler, mas gostava de sentir os livros, apreciava o prazer sensorial que o livro proporciona. Compreendo perfeitamente...
Era extremamente cuidadoso com os livros (lembro-me que ficava furioso quando me via brincar com eles) e sentia verdadeiro orgulho na sua mini biblioteca, precisamente sete livros!
Mais tarde, quando aprendi a ler, pedia-me para ler tudo em voz alta e eu, aborrecida com a insistência, gritava que não e fazia queixa à minha mãe. (Se pudesse voltar atrás...)
Resumindo, a vida do meu avô foi pobre e triste, mas quando faleceu deixou-nos o seu tesouro: sete livros e três fotografias!
Depois de pedir, implorar e protestar muito, a minha mãe ofereceu-me os livros e, hoje, eles coabitam amigavelmente com algumas dezenas de semelhantes aqui em casa.
Como obras literárias, são pobres...quatro romances de cordel, uma biografia sobre uma santinha qualquer, um sobre arte que ensina a pintar naturezas mortas ;) e um sobre Lisboa e cultura portuguesa (Photographias de Lisboa).
Ontem, enquanto folheava o livro distraidamente, encontrei este excerto sobre a guitarra portuguesa e gostei da definição... Sorri e li em voz alta.


Está costumada a cantar tristezas desde a mais remota antiguidade e além disso fala tão baixinho que não chega a incomodar os grandes, os felizes, os opulentos. É quase uma criança que chora ou uma mulher que suspira. Impressiona e não atordoa. Faz-se ouvir, mas não se impõe.

Alberto Pimentel in Photographias de Lisboa


Verdes Anos - Carlos Paredes

terça-feira, 21 de outubro de 2008

24 anos - De Homo Habilis a Homo Sapiens...ou nem tanto! ;D

Cantemos todos, cantemos com convicção...

Hoje acordei optimista...
Estou quase a fazer 24 aninhos... ;)

Take your face out of your hands/ And clear your eyes/ You have a right to your dreams/
And don't be denied
I believe in a better way
Lá, lá, lá...

Agora sim, damos a volta a isto!... Agora não, que falta um impresso...

"...Évora era uma cidade absurda, reaccionária, empanturrada de ignorância e de soberba. Em Évora - tinham-lhe dito um dia - não se podia ter mais do que a 4ªclasse, nem menos que 300 porcos.
- Qualquer iniciativa cultural é logo abafada de desprezo e de banha.
O peso da Idade Média enegrecia ainda as almas(...)
(...)
A parte animal do homem, a parte gorda, a que tem sono e quer dormir é brutalmente pesada."

Vergílio Ferreira in Aparição

...volta e meia, por razões quase surreais, dou por mim a pensar neste excerto...
Enfim...

Movimento Perpétuo Associativo - Deolinda

Hum...Esta música lembra-me alguém...Quem será?! ;)



Agora sim, damos a volta a isto!
Agora sim, há pernas para andar!
Agora sim, eu sinto o optimismo!
Vamos em frente, ninguém nos vai parar!

Agora não, que é hora do almoço...
Agora não, que é hora do jantar...
Agora não, que eu acho que não posso...
Amanhã vou trabalhar...

Agora sim, temos a força toda!
Agora sim, há fé neste querer!
Agora sim, só vejo gente boa!
Vamos em frente e havemos de vencer!

Agora não, que me dói a barriga...
Agora não, dizem que vai chover...
Agora não, que joga o Benfica...
e eu tenho mais que fazer...

Agora sim, cantamos com vontade!
Agora sim, eu sinto a união!
Agora sim, já ouço a liberdade!
Vamos em frente, é esta a direcção!

Agora não, que falta um impresso...
Agora não, que o meu pai não quer...
Agora não, que há engarrafamentos...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...



segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Não te rias do mal do vizinho,que o teu vem a caminho

A gripe é democrática... Agora calhou-me a mim!
Quero dormir, dormir e dormir... vou hibernar!

Por falar em Milan Kundera...e, já agora, em Boris Vian

Há livros (tal como há pessoas, músicas, filmes...) que aumentam o nosso campo de visão e de compreensão do mundo. Esta é, na minha opinião, a qualidade (humana ou artística) mais importante. O livro "A Insustentável Leveza do Ser" cumpriu inteiramente esta função porque mudou a minha forma de entender e viver as relações afectivas.
Resumidamente, é um romance filosófico sobre a complexidade e os paradoxos da existência humana. Esta densidade existencial manifesta-se na dualidade peso/leveza das opções que fazemos, no modo como encaramos a vida e como nos relacionamos com as outras pessoas...
E se a leveza (entendida como liberdade afectiva) fosse um fardo insuportável?
E se a necessidade de posse e de compromisso fizesse parte da natureza humana?

Como alternativa (ou complemento), aqui fica o filme...

The Unbearable Lightness of Being - Philip Kaufman


Igualmente fascinante, "A Espuma dos Dias" de Boris Vian.
Inteligente, divertido, cáustico e absorvente até à última página.
O que é, afinal, a espuma dos nossos dias?...Os nossos amores e desamores, os vários prazeres físicos, as conversas importantes e o que fica por dizer, o trabalho que nos consome, a arte que muda a nossa vida, os nossos excessos e as limitações de todos os dias, etc.
Incontornável!

René Magritte, génio surrealista

Quadros para serem vistos e, principalmente, pensados...
Magritte dizia que pintava para tornar os seus pensamentos visíveis...



A arte sempre foi isto - interrogação pura....
Samuel Beckett

Milan Kundera

O amor não se manifesta no desejo de fazer amor com alguém, mas no desejo de partilhar o sono.

De cara a la pared - Lhasa de Sela

Alternative Sound!

Bernardo Soares

Tenho fome da extensão do tempo, e quero ser eu sem condições.

Nina Simone

Intemporal!

Don't let me be misunderstood




Sinnerman

Eugénio de Andrade

Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.

O melhor de Gael García Bernal

Muy Guapo!

Amores Perros - Alejandro G. Iñárritu



The Motorcycle Diaries - Walter Salles



Y tu mamá también - Alfonso Cuarón



La Mala Educación - Pedro Almodóvar

sábado, 18 de outubro de 2008

Shakespeare

Let me not to the marriage of true minds
Admit impediments. Love is not love
Which alters when it alteration finds,
Or bends with the remover to remove:
O no! it is an ever-fixed mark
That looks on tempests and is never shaken;
It is the star to every wandering bark,
Whose worth's unknown, although his height be taken.
Love's not Time's fool, though rosy lips and cheeks
Within his bending sickle's compass come:
Love alters not with his brief hours and weeks,
But bears it out even to the edge of doom.
If this be error and upon me proved,
I never writ, nor no man ever loved.

Embriagai-vos - Baudelaire

É necessário estar sempre bêbedo. Tudo se reduz a isso; eis o único problema. Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo, que vos abate e vos faz pender para a terra, é preciso que vos embriagueis sem cessar.
Mas – de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor. Contanto que vos embriagueis.
E, se algumas vezes, nos degraus de um palácio, na verde relva de um fosso, na desolada solidão do vosso quarto, despertardes, com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai-lhes que horas são; e o vento, e a vaga, e a estrela, e o pássaro, e o relógio, hão de vos responder:
– É hora de se embriagar! Para não serdes os martirizados escravos do Tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem tréguas! De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor.

Comme s' il en pleuvait - Mayra Andrade

Na próxima reencarnação quero ser africana...

José Gomes Ferreira

Devia morrer-se de outra maneira.
Transformarmo-nos em fumo, por exemplo.
Ou em nuvens.
Quando nos sentíssemos cansados, fartos do mesmo sol
a fingir de novo todas as manhãs, convocaríamos
os amigos mais íntimos com um cartão de convite
para o ritual do Grande Desfazer: "Fulano de tal comunica
a V. Exa. que vai transformar-se em nuvem hoje
às 9 horas. Traje de passeio".
E então, solenemente, com passos de reter tempo, fatos
escuros, olhos de lua de cerimônia, viríamos todos assistir
a despedida.
Apertos de mãos quentes. Ternura de calafrio.
"Adeus! Adeus!"
E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento,
numa lassidão de arrancar raízes...
(primeiro, os olhos... em seguida, os lábios... depois os cabelos... )
a carne, em vez de apodrecer, começaria a transfigurar-se
em fumo... tão leve... tão sutil... tão pòlen...
como aquela nuvem além (vêem?) — nesta tarde de outono
ainda tocada por um vento de lábios azuis...

Luciana Souza

Uma descoberta recente...

O melhor de Charlize Theron

Duas histórias verídicas!
Duas interpretações admiráveis!

Monster - Patty Jenkins



North Country - Nikki Caro

Tickling

Poema - Mário Cesariny

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco

conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco

Ne me quitte pas - Jacques Brel

Sublime!



Ne me quitte pas
Il faut oublier
Tout peut s'oublier
Qui s'enfuit deja
Oublier le temps
Des malentendus
Et le temps perdu
A savoir comment
Oublier ces heures
Qui tuaient parfois
A coups de pourquoi
Le coeur du bonheur
Ne me quitte pas

Moi je t'offrirai
Des perles de pluie
Venues de pays
Où il ne pleut pas
Je creuserai la terre
Jusqu'apres ma mort
Pour couvrir ton corps
D'or et de lumière
Je ferai un domaine
Où l'amour sera roi
Où l'amour sera loi
Où tu seras reine
Ne me quitte pas

Ne me quitte pas
Je t'inventerai
Des mots insensés
Que tu comprendras
Je te parlerai
De ces amants là
Qui ont vu deux fois
Leurs coeurs s'embraser
Je te racont'rai
L'histoire de ce roi
Mort de n'avoir pas
Pu te rencontrer
Ne me quitte pas

On a vu souvent
Rejaillir le feu
De l'ancien volcan
Qu'on croyait trop vieux
Il est paraît-il
Des terres brûlées
Donnant plus de blé
Qu'un meilleur avril
Et quand vient le soir
Pour qu'un ciel flamboie
Le rouge et le noir
Ne s'épousent-ils pas
Ne me quitte pas

Ne me quitte pas
Je ne vais plus pleurer
Je ne vais plus parler
Je me cacherai là
À te regarder
Danser et sourire
Et à t'écouter
Chanter et puis rire
Laisse-moi devenir
L'ombre de ton ombre
L'ombre de ta main
L'ombre de ton chien
Ne me quitte pas

O erotismo é uma das bases do conhecimento de nós próprios, tão indispensável como a poesia - Anaïs Nin

Intimacy - Patrice Chéreau


Lucía y el sexo - Julio Medem

Simplesmente, Neruda

É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,

tal como te vestes
e como arranjas
os cabelos e como
a tua boca sorri,
ágil como a água
da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei, nem donde
vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz
e sombra és.
Chegastes à minha vida
com o que trazias,
feita
de luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi, que o leiam aqui
e retrocedam hoje porque é cedo
para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor, uma folha
que há-de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nosso lábios,
como um beijo caído
das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro.



Clarice Lispector

Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das ideias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes… tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos. Podem até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!
Não me dêem fórmulas certas porque eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim porque vou seguir o meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual porque sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não s
ei voar de pés no chão...

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Tudo o que dorme é criança de novo...


Lágrimas Negras - Bebo e Cigala

Bueníssimo!

Lipoaspiração :D

Carmen (habanera) - Bizet

Quand je vous aimerai?
Ma foi, je ne sais pas,
Peut-être jamais, peut-être demain.
Mais pas aujourd'hui, c'est certain.
L'amour est un oiseau rebelle
que nul ne peut apprivoiser,
et c'est bien en vain qu'on l'appelle,
s'il lui convient de refuser.
Rien n'y fait, menace ou prière,
l'un parle bien, l'autre se tait:
Et c'est l'autre que je préfère,
Il n'a rien dit mais il me plaît.
L'amour! L'amour! L'amour! L'amour!
L'amour est enfant de Bohème,
il n'a jamais, jamais connu de loi;
si tu ne m'aimes pas, je t'aime:
si je t'aime, prends garde à toi!
Si tu ne m’aimes pas,
Si tu ne m’aimes pas, je t’aime!
Mais, si je t’aime,
Si je t’aime, prends garde à toi!
Si tu ne m’aimes pas,
Si tu ne m’aimes pas, je t’aime!
Mais, si je t’aime,
Si je t’aime, prends garde à toi!
L'oiseau que tu croyais surprendre
battit de l'aile et s'envola ...
l'amour est loin, tu peux l'attendre;
tu ne l'attends plus, il est là!
Tout autour de toi, vite, vite,
il vient, s'en va, puis il revient ...
tu crois le tenir, il t'évite,
tu crois l'éviter, il te tient.
L'amour! L'amour! L'amour! L'amour!
L'amour est enfant de Bohème,
il n'a jamais, jamais connu de loi;
si tu ne m'aimes pas, je t'aime:
si je t'aime, prends garde à toi!

Por falar em Emir Kusturica...

Gato Preto, Gato Branco...Inesquecível! :D

The Death of Mr. Lazarescu - Cristi Puiu

Resumidamente, filme romeno sobre um víuvo reformado, alcoólico e doente que vive (e morre) num país do terceiro mundo (a Roménia). Trágico, sujo, deprimente...e hilariante! :D
Humor negro ao estilo de Emir Kusturica...

Nocturne - Chopin

Daniel Faria

Houvesse um sinal a conduzir‑nos
E unicamente ao movimento de crescer nos guiasse. Termos das árvores
A incomparável paciência de procurar o alto
A verde bondade de permanecer
E orientar os pássaros

Na mesa de cabeceira...

...e em todas as mesas da casa.
Ninguém me tira da cabeça que Constantine Dmitrievitch Levine é o homem da minha vida! Felizmente para o Sérgio, é só uma personagem de Tolstoi... ;)


- Por obséquio, senhor, sabeis ler?

- Sim: no meio da minha miséria é uma fortuna.

Shakespeare

Receita milagrosa

Cá está o cházinho de limão...agora só falta o mimo!

Soneto de Fidelidade - Vinicius de Moraes

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive) :
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O sorriso - Eugénio de Andrade

Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a porta.

Era um sorriso com muita luz
lá dentro,apetecia
entrar nele,tirar a roupa,ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr,navegar,morrer naquele sorriso.

Fragilidade da vida humana

Ela perguntou: ‘Que horas são?’. E eu disse ‘dez para as seis’. E a resposta dela foi a coisa mais extraordinária que ouvi até hoje: ‘Que hora tão improvável’. E morreu.

António Lobo Antunes

Mar Adentro - Alejandro Amenábar

...pero me despierto siempre, y siempre quiero estar muerto, para seguir con mi boca enredada en tus cabellos...

Já revi este filme 3 vezes e choro sempre
como se não houvesse amanhã... A história de Ramon Sampedro aborda várias questões existênciais: a beleza, a fragilidade e o sentido da vida; o livre arbítrio e a dignidade humana até ao fim físico...





O certo é que tudo se conjugou para que eu chegasse ao fim da
existência nesta desolação humana. E o mais trágico é que fui
sempre uma criatura de esperança
(...)
Nenhuma parte de mim esteve em qualquer momento dissociada
do resto. Fui sempre todo doente, todo agónico, todo inocente,
todo sensual, todo humilde, todo violento, todo sincero, todo
pecador, todo poeta. O caixão que me levar, leva dentro uma
vida humana maciça.

Miguel Torga

Malemolência - Céu

Citando um crítico americano, samba has an old soul and a new voice. O CD (Céu, 2005) é um misto de jazz, bossa nova, samba e uma pitada de música tradicional africana.
Recomendo vivamente!

Beijo - Virgínia Schall

tua boca
uva rubra
roça meus lábios
e por segundos
somos murmúrios húmidos
seiva cósmica
de línguas
púrpuras


I see dead people ;D



O Libertino - Laurence Dunmore

Provocante, arrebatador e sensual!
Impróprio para menores, moralistas e
convívios
familiares...



A música é Madgalena dos Perfect Circle.
Aqui fica a letra...


Overcome by your
Moving temple
Overcome by this
Holiest of altars

So pure
So rare
To witness such an earthly goddess
That I've lost my self control
Beyond compelled to throw this dollar down before your
Holiest of altars

I'd sell
My soul
My self-esteem a dollar at a time

One chance
One kiss
One taste of you my magdalena

I bear witness
To this place, this prayer, so long forgotten
So pure
So rare
To witness such an earthly goddess

That I'd sell
My soul
My self-esteem a dollar at a time
For one chance
One kiss
One taste of you my black madonna

I'd sell
My soul
My self-esteem a dollar at a time

One taste
One taste
One taste of you my Magdalena

José Luís Peixoto

...o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade...

Parque Biológico de Gaia














Soneto do amor total - Vinicius de Moraes

Amo-te tanto meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te enfim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.


Samba Saravah - Stacey Kent

...soft jazz...

Publicidade

Sou fã dos óleos perfumados da Body Shop, particularmente do oceanus e do country walk. São fantásticos! Cada frasquinho tem 10 ml de óleo concentrado e custa aproximadamente 5 €, mas dura muito tempo porque basta diluir 3 ou 4 gotinhas. Depois é só queimar e apreciar o perfume delicado que se propaga pela casa.


quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Futilidades

Eu confesso... acho que tenho um fetiche por unhas vermelhas! Talvez pareça ridículo, mas o meu comportamento muda bastante quando pinto as unhas... depois dá nisto! Naugthy girl!

Oh Lord, help me to be pure, but not yet...

Closer - Keb Mo

Descobri a música de Keb Mo por acaso, mas apaixonei-me imediatamente. Gosto da voz grave e quente, da simplicidade das letras e, principalmente, da junção de blues e música acústica. Envolvente...


Doentinho...

Tardou, mas aconteceu... O Outono presenteou o meu menino com a primeira constipação do ano!
Como a maioria das mulheres sabe, os homens doentes regridem à infância e procuram a protecção e o carinho do colinho materno. A minha receita é simples: chá de limão com uma colher de mel e muuuuito mimo! Faz milagres!

Sátira aos homens quando estão com gripe

Pachos na testa, terço na mão
Uma botija, chá de limão
Zaragatoas, vinho com mel
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher, ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela
Cala os miúdos, fecha a janela
Não quero canja, nem a salada, ai Lurdes, Lurdes, não vales nada
Se tu sonhasses como me sinto, já vejo a morte nunca te minto
Já vejo o inferno, chamas, diabos, anjos estranhos, cornos e rabos
Vejo demónios nas suas danças, tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira, põe-me a Santinha à cabeceira
Compõe-me a colcha, fala ao prior, pousa o Jesus no cobertor.
Chama o doutor, passa a chamada, ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisanas e pão de ló, não te levantes que fico só,
Aqui sozinho a apodrecer, ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.

António Lobo Antunes

Carlos Mencia

Ai, ai...a complexa sexualidade feminina. ;)

Rafinha Bastos

Clair de Lune - Debussy

Cântico Negro - José Régio

É um poema muito divulgado e repetido, mas incontornável...
Lindíssimo!

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

Les Choristes - Christophe Barratier

Um filme comovente sobre o desamparo emocional e a resiliência. Uma ternura!
Faz-nos pensar sobre a frieza de algumas teorias educativas...
A banda sonora é maravilhosa!
Esta música é "la nuit" de Rameau.

The Piano - Jane Campion

Sem dúvida, um dos filmes da minha vida.
Para além da história intimista e sedutora, tem imagens belíssimas e grande qualidade musical. A música é "the sacrifice" de Michael Nyman.
Há sempre uma beleza serena na melancolia...

Maria O.